domingo, 16 de janeiro de 2011

Meia-Idade

Num pachorrento domingo, à tarde, enquanto procuro ideias para festejar um aniversário que se aproxima, facilmente me apercebo do “porquê” da existência de crises de meia-idade.
E, nas minhas buscas, apercebo-me que as mesmas mais não são que a inexistência de produtos indicados para estas pessoas.
Passarei a explicar.
Uma pessoa que esteja a pensar festejar o facto de ter nascido, quer a mesma vá fazer 26, 37 ou cinquenta anos, de forma minimamente original está, bem, extremamente lixada.
Uma pessoa que queira assinalar a data de forma original, como o resto dos comuns mortais, acaba por começar sempre no mesmo ponto de partida: o Google!
Ora, é aí que a porca torce o rabo. Fazendo uma pequena pesquisa no Google por “festas de aniversário”, inevitavelmente aparecem milhares de resultados que parecem indicados à satisfação das nossas necessidades.
Contudo, após seleccionarmos a opção de “páginas em Portugal”, todos os resultados acabam por nos levar a empresas especializadas em eventos, festas de aniversários e outras “cenas” que parecem ir de encontro às nossas necessidades.
Contudo, mal consultamos as páginas ou anúncios destas empresas, facilmente nos apercebemos que as mesmas fazem festas…de crianças!
Com efeito, se há coisa que este país tem de sobra, são empresas, grupos, pessoas que se especializarem em fazer rir os mais novos e aturá-los enquanto os pais se deixam ficar na esplanada, bem longe, a saborear uma caipirinha nesses pequenos momentos de sossego…
Contudo, então e um adulto que queira uma festa para ele?
Ora, aí, basta acrescentar à nossa pesquisa no Google, a palavra “adulto”!
Contudo, e apesar de nessa nova pesquisa, começarem a aparecer bastantes resultados mais indicados à nossa idade, bem, o problema é que podemos dizer que vão um passinho mais além.
Aí, passamos dos brinquedos e pinturas faciais para…bem…outros “brinquedos” e outras “pinturas faciais”.
Algumas empresas também fornecem bolos (com diversas e obvias formas) e até teatro (chamemos-lhe assim), mas, e embora parecem ser festas animadas as que estas pessoas organizam, acabamos por ter sempre pequenos contratempos em conjugá-las com a presença dos pais e dos sogros…
Isto, para não falar da eventual presença do patrão que, apesar de ser bem capaz de achar piada à coisa, concerteza que a mulher dele não descansará enquanto não formos despedidos.
Assim, por muito triste que seja, uma pessoa com mais quinze anos não tem outra hipótese que não juntar os amigos num qualquer sítio para jantarem e, quiçá, dar uns passos de dança enquanto bebem uns copos.
Sim, continua a ser divertido, mas, vá, acaba por ser o que toda a gente faz.
Claro que, chegada a idade a partir da qual não podemos mais usar os balões e as pinturas faciais, e não podendo usar as festas de anos eróticas por causa do nosso ambiente, facilmente se entende que, a partir dessa idade, começamos a não nos conseguir divertir “como antigamente”…
Ora, começando assim a reprimir desde os quinze anos, não admira que a malta chegue aos quarenta e, tendo idade para ter juízo (e gosto), vá desesperadamente ao stand da Porsche comprar um suposto desportivo que tem o mesmo aspecto há quarenta anos.
Não acho mal que se vá comprar o carro (embora haja melhores opções), mas estando o raio dos Porsches tão ligados às crises de meia-idade, acabamos agora por perceber porquê: porque não existem outras hipóteses para os meninos continuarem meninos!

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