domingo, 19 de dezembro de 2010

Faulheit

Sabe bem, nesta época, e de vez em quando, podermos dar-nos dar ao luxo de poder passar um dia todo na cama…

Afinal de contas, depois de semanas de trabalho intenso, de noites sem quase dormir e de não ter tempo para nada, bom é dedicar o nosso tempo livre a fazer absolutamente nada.

Poder acordar tarde, ficar na cama até um pouco mais tarde, tomar o pequeno-almoço na cama para, na cama, ler o jornal.

E, depois, voltamos a ficar sem fazer nada, simplesmente porque podemos.

É bom, recomenda-se e ajuda a levantar o espírito e, até, ajuda a sentirmo-nos seres superiores.

Afinal de contas, enquanto alguns se podem dar ao luxo de poder ficar na cama, a descansar, a ver o sol nascer e pôr-se sem termos saído do mesmo sítio, outros tem de ir lá para fora, para o frio, para a chuva, para os empurrões e para as filas dos centros comerciais, chatear-se, zangar-se e desenvolver sentimentos assassinos provocados pelo espírito consumista de ultima hora do natal!!!

Ah, hoje, sinto-me, verdadeiramente, um ser superior. Sinto-me alguém sem preocupações e sinto-me, verdadeiramente, preguiçoso.

E é tão bom!!!

domingo, 28 de novembro de 2010

O Animal Social

Há alguns anos atrás, o sucesso, ou melhor, o segredo para o sucesso era algo bastante diferente do que será nos dias de hoje.

Especialmente, se olharmos para pessoas com profissões ditas liberais como, por exemplo, os advogados, os consultores, os revisores oficiais de contas, as prostitutas, os escritores e os vendedores de automóveis, facilmente nos apercebemos que todos alcançavam o sucesso pelos seus próprios meios (recorrendo à sua arte de venda, às suas capacidades de aproveitamento de oportunidades e às suas alucinações decorrentes do consumo de substancias psicotrópicas).

Mas, independentemente do seu ofício e do meio usado para chegar ao topo, acabavam sempre por alcançar o sucesso por si mesmos.

Eram realizações individuais, eram os reis e senhores do seu ofício e apenas a eles se devia o sucesso.

Contudo, com o avançar dos tempos, e da civilização (espero) o conceito de sucesso individual acabou por se ir dissolvendo. Certamente, fruto do progresso e das necessidades da sociedade, deixou de se ter neste conceito de êxito individual uma visão romântica que coadunasse com a sociedade de hoje.

Fruto das exigências de mercado, um homem sozinho pouco ou nada va, nos dias de hoje, pois já não tem as capacidades de atender às novas e variadas necessidades do mundo moderno.

Que o digam os advogados, consultores e contabilistas que continuam a funcionar em prática individual que, para além de mal sobreviverem com as contas e as despesas de arcar com um escritório sozinhos, ainda lutam com a falta de especialização em determinadas novas áreas pelo que, na sua prática generalista simples, acabam por ficar em clara desvantagem quando comparados com alguns concorrentes so-called mais evoluídos.

De facto, nos dias de hoje, o Homem seguiu outro caminho que não o de trabalhar sozinho, mas, ao invés, especializar-se naquilo em que é, ou pensa que é, bom, reunindo-se com outros que são bons, ou pensam que são, noutra coisa.

Depois, como se isso não bastasse, juntou-se também a outros que são bons na mesma coisa que ele.

É uma prática bastante inteligente, na verdade. De facto, se primeiramente se juntou com os bons noutras coisas para, juntos, conseguirem ser bons em tudo, depois, juntou mais bons naquilo em que é bom para não ter de fazer o trabalho em que é bom todo sozinho!

E, assim, para além, e mais importante que ter surgido o conceito de “sociedade”, surgiu o conceito de “equipa”.

O Homem de hoje, bem ou mal, acaba por ser um teamplayer. Até pode não gostar de trabalhar em equipa, mas, para ganhar aquela vantagem competitiva, na verdade, não tem outra hipótese.

Mas, nada disso acaba por ser (muito) mau.

O trabalho em equipa, para além de nos permitir a especialização naquilo que somos bons, também acaba por nos poupar trabalho e, acima de tudo, abre-nos oportunidades de chegar a sítios onde, muito provavelmente, não chegaríamos sozinhos.

E, mais, o Homem moderno acaba por trabalhar sempre em equipa. É mais forte do que ele. Afinal de contas, somos animais sociais.

domingo, 14 de novembro de 2010

Saudade!

Diz a sabedoria popular, e por “sabedoria popular” entenda-se o “grupo de pessoas que gosta de mandar umas larachas, mas, como não estão bem dentro da coisa, a opinião deles tende a parecer extremamente estúpida, ignóbil e sem qualquer tipo de senso” que “as separações fazem bem às relações”!!!

Ao que parece, e segundo esses “sábios de café”, faz muito bem a um casal separar-se por uns tempos, de forma a fortalecer a relação.

Ao que parece, o período em que o casal não se encontra junto funciona como uma espécie de férias que um tem do outro e, assim, quando se voltaram a juntar, encontrar-se-ão revigorados e, portanto, a relação sairá fortalecida.

Ora bem, em relação a este tema, sobre o qual poderia dizer muito e, ao fim e ao cabo, acabaria por estar a dizer nada, só me apetece mesmo dizer algo do género “WTF are you talking about?”

Ora, se, por um lado, a ideia de ficarmos sozinhos por um certo período de tempo, sabendo que, após esse período, o casal estará junto de novo, pode aparentemente trazer uma expectativa de “férias”, na verdade, isso é a treta mais pegada que alguém já foi inventar.

Afinal de contas, não nos podemos esquecer que o ser humano, pelo menos o normal, é uma criatura de hábitos, de tradições e de rituais que gosta de seguir relativamente à risca.

Assim, expliquem-me lá porque raio é que a separação funciona como uma coisa boa.

Agora, mais do que nunca, não deixo de me lembrar dos meus avós, e quem diz os “meus avós” diz “os avós de toda a gente”.

Os meus avós viveram juntos durante, vá, a sua vida adulta toda. Com excepção das horas, e dos locais de trabalho (e mesmo assim, nem sempre), andavam sempre juntos.

Iam os dois para a vila, às compras. Iam os dois à missa, iam os dois a casa dos meus pais, assim como iam os dois passear.

Quem os conheceu, até pode dizer que, nos seus últimos anos, até estavam bastante insuportáveis um com o outro. Discutiam as suas coisas, diziam os seus insultos e faziam as suas gritarias. Contudo, continuavam juntos, e lá iam a todo o lado um com o outro, e ai daquele que quisesse ir a algum lado sem levar o outro.

Contudo, e porque na vida, tudo acaba por ter um fim, o meu avô acabou por ficar sozinho!

Nesta situação, se calhar, viria a “sabedoria popular” dizer que, “vá, eles até discutiam e tal. É melhor assim que, pelo menos, tem sossego”!

Bem, o avô ainda não conseguiu ter sossego, e isso nota-se perfeitamente.

Afinal de contas, a sua menina foi-se e já não volta, e não podemos dizer que esta “separação forçada” lhe tenha trazido descanso, ou sequer, a possibilidade de fazer outras coisas.

Claro que, nesta situação, pode vir a “sabedoria popular” dizer que “ah e tal, mas isso é uma separação permanente e não conta. Uma separação quando não é permanente faz muito bem”.

Pois bem, não faz!

Até se pode admitir que, a vida a dois é composta, também, por concessões que se vão fazendo a favor da relação. Numa relação, o homem concede em deixar o tampo da sanita em baixo, e, se ainda consome, aprende a deixar as Playboy’s e as Penthouse’s em sítio que não necessariamente a mesinha da sala.

A mulher, por sua vez, também concede que, se calhar, a televisão deixa de lhe pertencer, e bem, se calhar, vai deixar de ter tempo para poder arranjar e pintar as unhas.

Se calhar, são essas as particularidades da relação em que as pessoas, de vez em quando, gostariam de passar um dia sozinhas.

Contudo, mesmo assim, não tem a “sabedoria popular” razão alguma no que diz.

Afinal de contas, tudo bem que pode saber bem que, durante um dia, o homem possa deixar as revistas espalhadas pela sala, e, seguramente, que lhe saberá bem usar o WC e deixar o tampo para cima. Afinal de contas, ele há-de lá voltar.

Mas, será que isso faz bem à relação? Não! Afinal de contas, essas coisas podem saber bem durante um dia. Durante um dia, homem e mulher são os soberanos absolutos das suas vidas, e fazem o que querem.

Bem, mas, e depois desse dia. Será que é assim? Bem, será que continua a ter a sua piada na hora de dormir, e ter os pés frios. Então e ver uma coisa com piada na TV e ninguém estar lá para se rir com ele.

E ir ao cinema, e comprar apenas um bilhete para um? E as saudades? E o facto de não aguentar estar sem a cara-metade, mas ter de se aguentar à bronca?

É isto que faz bem, ou é só a “sabedoria” de quem, na verdade, não tem qualquer tipo de experiência na matéria?

É mais o que parece. Afinal de contas, o Homem, mais do que ser um animal social, é, e perdoem-me a ousadia, um animal monogâmico, e foi criado no sentido de existir aos pares.

Assim, o Homem que foi criado para viver aos pares, quando na ausência da sua cara-metade, acaba por não lhe fazer a experiência bem. Sente a falta da sua parceira, sente o peso de ser um à espera de voltar a ser dois, sente que essa liberdade que lhe podem ter apregoada mais não passa que gentis palavras de alguém que apenas não o quer ouvir queixar-se.

O Homem é um para ser dois, e é assim que é feliz. É assim que se define, e é assim que vive.

Daí que se tenha inventado a palavra “Saudade”!

domingo, 7 de novembro de 2010

Experiências

Há certas e determinadas experiências sociológicas que nunca devemos deixar de experimentar.

Não que alguma vez possamos entender certos contextos. Afinal de contas, não precisamos de conhecer/saber tudo, mas devemos, pelo menos, tentar perceber, nem que seja apenas para criticar.

Afinal de contas, nós podemos nem sequer compreender como é que um monte de cadeiras velhas presas umas às outras por cordas podem significar algo como “ a ordem no universo”, ou uma caixa de cartão amarrotada pode transmitir o vazio arquitectónico presente nas salas de jantar pós-modernas em Brasília, mas, se não vemos, não podemos criticar.

Às vezes, estas experiências, para além de serem uma óptima desculpa para usar óculos de massa e camisolas de gola alta pretas, podem, e devem, ser o inicio de uma experiência sociológica muito mais vasta.

Afinal de contas, toda a gente sabe que olhar para uma caixa de sapatos que, por ser uma caixa de sapatos, vale uma pipa de massa, abre sempre o apetite para mais. Tipo, para jantar.

Assim, usa-se essa experiência para procurar um restaurante, uma casa de repasto, uma taberna, um sítio onde se possa encher o bucho.

Ah, sim, encher o bucho. Isso, sim, pode tornar-se uma experiência que podemos nunca vir a esquecer.

O truque é simples: basta escolher um sítio com aspecto de ser um restaurante típico, daqueles que guardam nas suas paredes, as mazelas e os sinais dos milhares que lá passaram ao longo das várias décadas de funcionamento.

Se o dono do restaurante for um simpático senhor bem vermelhinho, e com um leve hálito de aguardardente, tanto melhor. É sinal que vão ter histórias durante a noite toda, e, sobretudo, vão ter uma pequena aventura para contar aos amigos, filhos e netos ao longo dos anos. Ou, então, vamos manter isto só para nós!

Ora, de forma a melhorar a experiência, não há nada que anunciar ao senhor bem bebido a nossa profissão. Se for algo que poucos gostam, tanto melhor (em regra, dizer que se é advogado does the trick), pois havemos de ter mais umas histórias, aventuras, relatos de prisões por roubar bananas que nos irão entreter ao longo da noite.

Com um bocadinho de sorte, ainda se é convidado para sair da mesa e se sentar ao sofá com ele, enquanto nos diz que é casado há 65 anos e, já agora, “vocês fazem sexo?”.

Com este tratamento, certamente ainda se ganha uma rosa, ou duas, ao final do jantar.

Depois, é hora de ir beber um copo e ouvir boa música!
Não se deve criticar o que não se conhece, mas deve conhecer-se o máximo para que sejam abertas outras portas.




domingo, 10 de outubro de 2010

Crónica de um fim-de-semana

Esta é a história do fim-de-semana de dois amigos meus.

Na verdade, nem são bem meus amigos. Ele é o primo de um tio de um cunhado de uma amiga de um sujeito que tem um cliente cujo advogado é irmão da secretária de um atelier cuja dona é casada com o dono da bomba de gasolina onde costumo abastecer.

De facto, nem os conheço, e de forma alguma me iria pôr aqui a falar de algo que pudesse consistir na minha experiência pessoal. Não! Esta é a história dessas duas pessoas…

Ora bem, a Urraca e o Fernando, casal que já vive muito feliz, desde há largos meses, no início do seu pacato namoro, gostavam de trocar presentes nas alturas especiais, aliás, prática que ainda hoje subsiste e eles gostam assim! (Manias!)

Ora, numa dessas alturas festivas, de já há muito tempo, a querida e adorável Urraca ofereceu ao seu querido Fernando, uma dessas experiências d’”A Vida é Bela”.

Oh, o Fernando adorou! Afinal, era uma prenda cheia de significado: era a experiência “In Love”, que continha “80 experiências românticas para 1 ou 2 pessoas”. (1 ou duas??????).

Ora, depressa o Fernando se pôs à procura no belo catálogo de experiências, de uma experiência que lhe agradasse a si, e também à sua amada. Convinha era ser num sítio simpático, não muito longe de Lisboa, para poderem passear um bocadinho e não ser apenas um dia ao volante, e também precisa de ser uma experiência enriquecedora e, sobretudo, romântica.

Ora, depois da consulta, lá encontraram um sítio assim.

Na verdade, a descrição mesmo parecia o local ideal para cumprir os desejos destes nossos amigos:

De facto, segundo a descrição do local (cujo nome não será divulgado, uma vez que isso seria uma atitude de muito mau gosto, e, portanto, não o farei, embora os curiosos possam, para satisfazer a sua curiosidade, clicar aqui) “conjuga tradição com simplicidade e modernidade, num espaço rústico, confortável e tranquilo. Numa área natural de 60 hectares, integra uma piscina biológica, uma das principais atracções da casa. Situada em Grandola, rodeada pelas mais belas praias do nosso país, esta herdade é o refúgio ideal para quem deseja respirar a verdadeira alma alentejana”.

Ora, esta descrição acaba por quase convencer qualquer um. Ainda por cima, o cheque presente dá acesso a “uma noite de alojamento com pequeno-almoço para duas pessoas”. Sounds Great!!!

Uma visitinha ao site, e acabam os nossos amigos por ficar convencidos. Afinal de contas, as imagens que de lá se colhem são fantásticas. Uma casa grande, um parque de estacionamento bastante razoável, e muitos espaços verdes. Parecia perfeito. Tanto que, tentando reservar a sua estadia já em Fevereiro, Urraca e Fernando apenas conseguiram uma reserva para 9 de Outubro. Bem, ainda faltava muito tempo, mas eles sabiam que o seu namoro seria duradouro, e não tiveram medo de arriscar. Afinal de contas, o que lhe fora prometido iria valer a pena!

Ora, no grande dia, Fernando e Urraca apressaram-se a sair de casa. Apesar da chuva, eles não estavam preocupados. Afinal de contas, era o tal sítio que os esperava, e eles estavam ansiosos pela sua “In Love Experience”. Assim, partiram em direcção a Alcácer do Sal, descontraídos, pois até tinham avisado que não chegariam cedo, no seu clássico Mercedes, para passearem um bocadinho, e aproveitarem para namorar pelo caminho.

Até aí, tudo perfeito, até já nem chovia tanto assim, e os apaixonados continuam felizes em direcção à felicidade.

Pararam em Alcácer do Sal. Terra bonita, descansada, e solarenga. Eles gostam de terras solarengas, e foram almoçar.

Ah, o restaurante onde foram muito bem recebidos, tinha iguarias de comer e chorar por mais. Apesar de, mais uma vez, não me encontrar aqui a fazer publicidade, o restaurante, cujo nome também não vou divulgar, era absolutamente óptimo, com entradas variadas e deliciosas e, nem o vinha do casa (o vinho da casa!!!) conseguia desiludir. Os meninos ficaram fãs. Até na hora de pagar a conta, porque não doeu quase nada.

Ora, de barriga cheia, são horas de se fazerem à estrada, para uma pequena terra perto da Comporta. Ah, as enormes rectas do Alentejo permitiram a Fernando puxar pelos cavalos do seu Mercedes, enquanto o tecto de abrir (lá está) aberto, permitia a Urraca gozar os últimos raios de sol, antes da chuva. Até ali, tudo perfeito.

Chegados a Muda, saíram da estada principal. Já estavam perto. Tão perto quanto 4 km de estradão de terra esburacada pelas chuvas e pela falta de manutenção permitiam.

Aí, quem se divertiu foi Urraca, ao ver Fernando a "ziguezaguiar" a estrada procurando não acertar nos buracos todos com o seu velhinho, mas capaz, automóvel. Ah, mas iria valer a pena!

Ora, depois dos tais quatro quilómetros, os nossos amigos chegaram. De facto, desde a entrada até ao prometido parque de estacionamento, estava a ser tudo o que fora prometido. Desde o parque grande, a floresta, a casa das fotos, estava tudo no sítio, e tudo com óptimo aspecto. Estavam ali.

Curiosamente, no preciso momento em que Fernando está a sair do carro, o seu telemóvel toca. Era o senhor José Bastos, concerteza preocupado por talvez se terem perdido, e nada a ver com o facto de estar com pressa para sair.

Mas, ora que já cá estávamos, entregávamos já o “voucherzito” pois, afinal “já fica feito, não é?”…

A Urraca e o Fernando também não se importaram. Afinal de contas, queriam também despachar as formalidades e começar a gozar do espaço que tinha sido prometido.

Afinal, o espaço, era bem engraçada. A casa grande, com aspecto minimalista, mas de bom gosto, com pequenos sofás do lado de fora transmitiam um ar bastante acolhedor.

Também a piscina, que na verdade é um grande buraco com água lá dentro tinha ar rusticamente encantador. Lá ao fundo, desactivado, eventualmente por causa da metereologia, um barzito, bem junto à “piscina biológica”. Parecia um local agradável.

Então, quando iam buscar as malas para descarregar no quarto, a senhora responsável (bruxa) avisa-os que era melhor levar o carro (mas, então e a casa com aspecto agradável???), porque ainda iam ficar um bocadinho afastados da casa principal. Bem, se afastados, “tanto melhor”, ainda pensam estes heróis acidentais. Sempre dá para ter “sossego”…

E lá foram eles atrás do carro da senhora que, antes, ainda os avisa que “nós não servimos jantares. A vila é para ali!”. Se calhar, podia ser um bocadinho mais simpática. Não sei, eventualmente, até podia aconselhar um restaurante simpático para ali na vila, mas devo ser eu a ser esquisito…

E, dali a um bocadinho, chegaram aos…bungalows…

Um corredor de cinco quartos geminados, absolutamente no meio de nada, todos juntos, com um pequeno alpendre. Mesmo assim, parecia simpático, até porque, mesmo em frente ao quarto, entre duas sólidas árvores, estava uma bela rede para casal onde Fernando e Urraca já se imaginavam a aproveitar o seu tempo de ócio. Mas vamos lá ver o quarto…minúsculo.

Todo em madeira, sem espaço para se mexerem, e com duas camas individuais, também de madeira que, devido ao seu formato, não permitiam o habitual exercício de se juntarem. Pois é, a brincadeira ia ser difícil. Quanto à casa de banho, minúscula. Tão minúscula, tão minúscula que o chuveiro não permitia que uma pessoa mais anafada (não que seja este o caso pois Urraca e Fernando são duas pessoas bastante atléticas e elegantes) não conseguiria mexer.

“O quarto, a casa de banho. Tem ar condicionado, tv e um frigorifico”, disse a senhora um pouco chateada da vida, e foi-se embora.

Era verdade, e, apesar de minúsculas, as divisões estavam limpas. De facto, estavam tão limpas, tão limpas, tão limpas…que a casa de banho nem um sabão azul e branco tinha.

De facto, não tinha nada. Havia, simplesmente, duas toalhas e… dois rolos de papel higiénico. Sabem que as pessoas no campo se safam com pouco…

Ora, perante tal situação, saem do quarto. Aí, Fernando decide experimentar a rede. Mal se sentou…a corda cedeu e estatelou-se no chão, ainda lhe batendo uma trave na cabeça…

“Ora bolas”, pensa ele. Urraca, por sua vez, demorou meia-hora a conter o riso. Admitamos, foi engraçado e Fernando não lhe levou a mal que tivesse tirado fotos e ligado para outras pessoas a contar do sucedido enquanto ele tentava levantar-se do chão…

O que os dois levaram a mal, foi o facto de não terem o mínimo dos mínimos para a sua higiene. Parvos, já deviam saber que essas coisas se levam de casa…

E pronto, pegaram no carro, foram pelo belo estradão de terra, que estava cada vez pior, e foram em busca de um qualquer supermercado para adquirirem as coisas básicas para a sua higiene pessoal.

Lá encontraram um. Foi o que lhes valeu.

Pelo sim, pelo não, também compraram umas revistas. Afinal, uma vez que, quando Fernando perguntou a Urraca que cama é que preferia, alguém respondeu do quarto ao lado, os dois não ficaram muito convencidos com a capacidade de insonorização da sua “cabana”. Lá teriam que ficar apenas com o amor, e com as revistas…

E lá voltaram.

Ao chegarem, lá desligaram o mínimo frigorífico que, apesar de arrefecer, a sua função era, sobretudo, fazer o máximo de barulho alguma vez feito por um mecanismo inventado pelo homem. Lá ligaram o ar condicionado, que não funcionava…

Bem, neste ambiente, o melhor era mesmo ligar a televisão… que apenas se mantinha ligada por cinco minutos (cronometrados no próprio ecrã, e que tinha o vasto número de …0 canais(exacto: zero canais).

Perante esta desgraça, só faltava mesmo chegarem os “vizinhos”, e aí, reparam que se ouvia mesmo tudo! Talvez por isso, nenhum dos hospedes das “cabanas” terá ido para além de apenas uma conversa. A falta de insonorização tem destas coisas…

Pior, pior, seria apenas o facto de terem, alem de dormir mal, acordado porque…a cama cedeu!!! Ah pois, a cama cedeu, e não foi bonito. Por outro lado, temos de admitir que poderá ser propositado. Afinal de contas, é o despertador mais eficaz do mundo!

Lá saem eles da cama (que remédio) e toca a fazer a higiene pessoal (até porque, graças ao Intermarché de S. André, já tinham com que se lavar).

Saem da cabana e, todos os outros hospedes levam a mesma cara. Não houve um único que se tenha safado, assim como nenhum conseguiu dormir, ou sequer havia alguém encantado com tal sítio de amores…

Ah, o pequeno-almoço certamente os ia animar. Num alpendre, onde ainda se apanhava uma boa dose de chuva, porque a casa principal era mesmo do senhor Bastos e dos seus canideos e não se ia levar malta estranha lá para dentro, mesmo que pagassem (alguns quartos igualmente maus custavam… bem… vão ao site…).

Assim, duas bancadas que não permitiam albergar toda a gente e…cheias de vespas… ah pois, vespas, montes delas a voar no meio deles… se calhar, o facto da caseira ter posto comida para elas (!) ajudou…

Ora, não seria nada demais, pois não? Afinal, o que interessa que estejam vespas à volta dos hospedes enquanto tentam comer? Bah… mariquinhas da cidade, e isso da alergia de picadas de insectos é outra mariquice…

Claro que, quanto ao pequeno-almoço em si, bem, o pão de ontem, com uma fatia de queijo e outra de fiambre, acompanhados de sumo de laranja (de pacote) estavam a saber menos mal…até ao momento em que as vespas caem dentro do café com leite vindas directamente do recipiente do açucar…

Hora em que Fernando e Urraca entregaram as chaves e se puseram a andar bem depressa, nem ligando aos buracos da estrada de terra. Queriam era estar longe.

De facto, só pararam em Tróia.

Ah, aí sim, divertiram-se, passearam, andaram de barco. Ufa, com excepção do almocinho do dia anterior, finalmente, momentos perfeitos.

Quer dizer, na verdade, mal estacionaram, o belo e clássico Mercedes fez das suas, recusando-se a fechar o belo do tecto eléctrico…num dia chuvoso.

Nada que os tivesse atrapalhado. Deixaram-no assim, para aprender.

E, de facto, o coitado do carro aprendeu. Enquanto foram eles conhecer Tróia, ao que parece, a que não é verdadeira, nas palavras de alguns, choveu. Bem, funcionou porque logo que chegaram o tecto já funcionava às mil maravilhas.

Ainda bem. Afinal de contas, já era hora de ir para o barco, e assim foram.

Bem giro. O carro lá em baixo, eles a namorarem lá em cima, enquanto sentiam a brisa. Sim, bons momentos, momentos felizes. Quer dizer, não que não se tenham divertido antes, mas isso porque Fernando e Urraca são seres que conseguem fazer a festa em qualquer lado, porque, pelas circunstâncias, bem… vamos continuar a contar a história.

Chegados a Setúbal, porque não um choquinho frito?


Ah, óptima ideia. De facto, Urraca até conhecia um restaurantezinho bastante simpático.

Lá foram eles, pediram, receberam e, mesmo quando Fernando se estava a regozijar com o belo do choco frito acompanhado de um arrozinho com feijões, a velha da mesa atrás decide ter um AVC!

Pois é, lá tem Fernando de se levantar, tentar ajudar e, depois da velha estar quase morta, afasta-se. Toda a gente à volta da velha, a filha irritante dela a gritar, mas, ajudar, não se via muito. Contudo, todos eles tinham algo a tecer acerca do funcionamento dos serviços de emergência. (quer dizer, todos, menos a dona do restaurante que estava mais preocupada em entregar a conta antes de chegar a ambulância… e de Fernando que, na verdade, estava com tanta fome e não podia voltar para perto do seu prato porque estavam todos à volta da velha com dentes postiços e ar cadavérico…)

Depois disso, vieram embora. Seria melhor vir para casa. E assim fizeram.

Bem, Fernando e Urraca não tiveram, eles próprios admitem, o melhor fim-de-semana fora de todos os tempos. Mas, uma coisa é certa: outro casal (qualquer um) teria vindo de lá divorciado.

A verdade é que, eles se conseguem divertir com tudo, até com as desgraças que lhes acontecem, e, na verdade, nada disso acabou por lhes estragar o fim-de-semana.

Acima de tudo, terá sido uma prova de força, e eles passaram impecavelmente o teste.

Não obstante, decerto se ficaram a interrogar acerca do facto de Deus ter um sentido de humor um bocado macabro.

É que, afinal de contas, a velhota bem podia ter esperado que as outras pessoas almoçassem…










































































































































quinta-feira, 7 de outubro de 2010

need for speed!

Ah, como eu gosto da chuva, a cair, quando estamos no quentinho da cama, e não temos preocupações para além de dormir mais um pouco.


Contudo, muda de figura quando a chuva se torna a nossa companheira, a caminho do trabalho.


Ah, sim. Aí, a chuva faz-nos sentir vivos, se bem que possa não ser muito tempo.


Afinal de contas, o homem, e a mulher, assim como o idoso e o condutor de transportes públicos, todos gostam de viver a vida naquele linha divisória, e sentir o perigo perto para, depois, soltar um "Simmmm!!! CONSEGUI!!! SOU O(A) MELHOR CONDUTOR DO MUNDO!!!!".

É claro que, uma vez que somos portugueses, e, por definição, pelintras, não temos tantas possibilidades de viver perigosamente como fazem, vá, aqueles gajos das Arábias.

Sim, eles divertem-se. Eles fecham auto-estradas para fazer drag races com os seus SLR's, Lambos, Enzos e companhia.

Eles têm Defenders preparados para subir dunas a 160 km/h e, depois, fazer piruetas ao cair.

Ah, sim, eles divertem-se e vivem perto do perigo! Sacanas.


Ora, nós, portugueses, pelintras que somos, não temos acesso a esses meios fantásticos para roçar a loucura.


Em vez disso, temos os nossos Clios com 15 anos, os quais consideramos como "The Ultimate Driving Machine", mas só se for o 1.2, porque o 1.0 já não era tão Sporty! E os nossos 206, artilhados com todos os neóns e escapes que o ordenado mínimo pode comprar.


Aqueles mais abonados, sempre se podem dar ao luxo de fazer pirraça aos outros, e passearem-se no interior dos seus Saxo Cup, lá do alto dos seus motores 1.6 (se bem que o rendimento mínimo de reinserção já se torna parco para satisfazer a necessidade de gasolina).


Ah, mas isso, somos nós, com as nossas máquinas desportivas de sonho (sonhos pequeninos e limitados, é certo, mas de sonho!).


Ora, esses sacanas desses árabes, com as suas máquinas e auto-estradas fechadas de propósito, e dunas infindáveis podem divertir-se à vontade. Afinal de contas, nós, com recursos bastante mais limitados, também o sabemos fazer.


Podemos não ter troços de auto-estradas fechados, mas temos auto-estradas, e sabemos usá-las.


Afinal de contas, o Tuga é um perito do volante, um autêntico Schumacher, mas na versão do desenrasca.


É assim que nós gostamos e, na verdade, assim é que dá mais pica.


Ora, se nós quiséssemos andar a correr em condições mínimas de segurança, ora, tínhamos ido para uma pista, mas, qual é a piada? Os obstáculos não se movem…


Não, nós gostamos é da estrada, e é ela que nos dá pica. Fazer ultrapassagens em cima do risco, com um camião a vir de frente e, eventualmente, uma velhota num “mata-velhos” a sair para cima de nós.


Isso sim, dá pica. Acelerar no nosso Clio 1.2, ultrapassar a velha quando ela se começa a chegar à esquerda, com o risco contínuo a servir de fio condutor, e os faróis do camião que vem de frente a darem-nos nos olhos. Isso, sim! Isso é pica! Isso é pilotagem! E é nisso que nós somos bons.


É por isso que nós tanto gostamos de chuva! Afinal de contas, a chuva torna a estrada mais escorregadia, ideal para fazer a “limpeza étnica” dos maus condutores!


Por isso, assim que começa a chover, e o solo começa a ficar um bocadinho escorregadio, o bom condutor tuga esboça um sorriso, os seus olhos brilham, e o Hulk que há dentro de todos nós fica verde!


É hora do Tuga se fazer à estrada, exactamente como se estivesse piso seco, ou, melhor, mais depressa e bem do que se o piso estivesse seco.


Afinal de contas, é aí que se mostram os verdadeiros condutores, no meio do trânsito, sempre a acelerar, no zigue-zague, nos 170, na maior.


É assim que o Tuga consegue a sua adrenalina.


Alguns, mais do que adrenalina, também conseguiram umas cerimónias fúnebres muito bonitas e cheias de flores, mas lá que foram com a pica todo, foram (quer dizer, de vez em quando, há partes que ficam entranhadas nos pára-choques, mas quem liga a isso?).

domingo, 3 de outubro de 2010

A Chuva!

Ah, como é chato acordar tarde, num domingo, e constatar que o tempo está tudo menos convidativo…



Quer dizer, não chateia. Até sabe bem constatar que não há nada para fazer lá fora porque nos poderá trazer um certo desconforto (chuva e frio), e que, tranquilamente, podemos gozar os pequenos prazeres de dormir até mais tarde, no quentinho conforto da nossa cama, sem remorsos de não estarmos noutro lugar.


Afinal de contas, não é que estejamos a negligentemente a perder um dia de praia, não é?


Neste sentido, nem posso dizer que não goste do mau tempo. Afinal de contas, o mau tempo permite-nos o repouso e o descanso sem remorsos de não estarmos a fazer actividades radicais susceptíveis de nos quebrarem as costas porque temos de mostrar ao mundo que somos pessoas aventureiras e activas.


Pá, eu já vi o sujeito aventureiro e activo no Discovery Channel e, pá, como eu que posso dizer isto de uma forma suave?


Ah, já sei: EU NÃO TENHO O MÍNIMO INTERESSE DE CONHECER OS CANTOS MAIS SOMBRIOS DO MEIO DA PATAGÓNIA!!!!


Assim, deixem-me lá ficar no meu conforto a gozar a vida, bem, como realmente gostamos de a gozar.


Ora, por isso, o mau tempo não me chateia por aí além. De facto, em algumas situações, o mesmo é muito bem aparecido.


Aquilo que realmente chateia, é o facto de ser domingo!!!


Ora, chuva e frio numa segunda-feira, continua a ser chato, mas, ao domingo, é demais!


Afinal de contas, na segunda-feira, as pessoas andam por aí cabisbaixas, deprimidas e a arrastar-se pelas paredes. Afinal de contas, é segunda-feira, esse dia malvado da semana em que iniciamos um novo período de trabalho, que temos de nos mexer, quando já não há futebol, formula um nem, vá convenhamos, quantas noites de copos é que já tiveram numa segunda-feira que não seja véspera de feriado?


Ora, por isso tudo, e mais qualquer coisa, a chuva até pode não ser bem-vinda à segunda-feira, mas, desgraça por desgraça, é indiferente.


Contudo, num domingo, na ultima réstia de esperança para o descanso, para o lazer e para o divertimento antes de começar a tortura laboral por mais cinco dias (sim, eu sei que na terça voltamos a casa porque é feriado, mas isto é suposto tornar-se um post intemporal…), a vinda antecipada da chuva e do frio, acabam por nos matar um bocadinho a alma.


"Oh desgraça! Oh vida malvada! Oh triste existência que me trouxeste chuva no meu último dia de liberdade antes de ter de ir trabalhar para aquelas pessoas feias, porcas e más" (na verdade, os patrões também sentem os mesmo, mas atiram as culpas para cima do governo do fisco e sucedâneos vários)!


A vida assim. A chuva aparece, chateia, e vai-se embora.


Provavelmente, amanhã, até fará sol, mas disso já não nos vamos lembrar porque já estaremos em torno do nosso estado depressivo porque, vá, é segunda-feira.


Agora, lá que sabe bem estar no quentinho de casa com a chuva a bater nos vidros das janelas, deprimentemente, isso sabe!


Boa semana de trabalho.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ah, os transportes públicos!


Como gosto deles!


Acordar, correr, entrar num metro que só não vai mais apinhado porque, vá, sejamos sinceros, já não cabe mais ninguém.


E é, nestas viagens, que aprendemos a conhecer o mundo!


Está bem, não conhecemos o mundo inteiro, mas, mesmo sem querer, conhecemos o mundo da D. Alzira, que tem um cunhado que é um traste e "se antigamente, ainda trazia para casa um saquinho de batatas, agora, só vai a casa para ir buscar dinheiro à carteira da mulher para estoirar em copos e cigarros"!


Sim, é um mundo pequenino este que acabamos por conhecer, mas, sobretudo para aqueles que se elevam no alto dos seus cursos superiores, ainda nos mostra que não é no estudo e no trabalho intelectual que realmente se capta o "bom rendimento".


Que o diga o marido da senhora Maria. Afinal de contas, apesar de estar desempregado, porque assim acordou com o patrão, mas continua a trabalhar para ele (afinal de contas, sempre se acumula o ordenado recebido a "negro" com o subsídio de desemprego. "Afinal de contas, o subsídio de desemprego é um direito para todos"!), e ainda vai fazendo uns biscates.


Segundo a senhora Maria, "toda a gente sabe que funciona assim e, só quem é estúpido, é que não faz uns biscates não declarados enquanto recebe o subsídio e o ordenado".


Muita coisa se aprende no metro, meus amigos, e são coisas úteis, ensinamentos para a vida, coisas que nunca iríamos aprender na escola!


Mas, os transportes públicos são muito mais que ensinamentos para o mercado de trabalho.


Na verdade, são um encontro de culturas, de informações, de vivências, assim como um óptimo sucedâneo das páginas amarelas.


Homem sozinho, não precisa de ter muito esforço para arranjar companhia.


Na verdade, basta-lhe andar uns quinze minutos de metro que, certamente, ouvirá o António e o Joaquim a comentarem as capacidades de ginástica artística da Teresinha que, “além de ser um pedacinho de céu, nunca deixa um homem nas mãos”…


Mas não só disto são feitas as lições nos transportes públicos.
De linha para linha, de carreira para carreira, vai-se mudando a conversa, e vão-se mudando as lições.
Umas boas, outras muito boas, mas, o cidadão com bons ouvidos só tem de seguir as receitas com afinco, e não terá mais problemas na vida.
Afinal de contas, aluno aplicado, concerteza conseguirá sacar uns cobres do patrão e da Segurança Social para poder investir na bolsa, também com os conselhos do senhor Jaime, barbeiro, e pode ser que até ganhe uns cobres jeitosos, que não serão declarados, como bem professa o senhor Aníbal, e compre um carrito para dar umas voltas com a Teresinha.
Poderíamos aprender isto na Faculdade, meus caros? Não. Afinal de contas, estes são os ensinamentos da escola da vida, os ensinamentos que nenhum ensino particular alguma vez nos pode prestar.
São os ensinamentos do bom Chico-Esperto e, concerteza, serão os ensinamentos que nos levarão mais longe.

Boa noite, e boa viagem!

segunda-feira, 22 de março de 2010

a caminhada da vida

às vezes, sinto-me como no início  de uma caminhada.
uma caminhada para local incerto e sem saber o que realemnte lá vou encontrar.
suponho que é isso que acontece com todos nós. mais uma vez, caro leitor, não estou a ser original, nem a inventar a pólvora que talvez estivessem à espera.
simplesmente, estou para qui a falar da caminhada que é a vida e da nossa pressa de chegar a algum lado.
saímos todos os dias de casa com pressa, para não chegar tarde, e a correr porque temos que estar num sítio qualquer.
depois, saímos com pressa porque temos que chegar ao resturante antes que encha e já não haja lugar para nos sentarmos.
ao fim do dia, corremos para ainda apanhar o supermercado aberto.
em casa, corremos para fazer tudo o que temos para fazer antes de nos deitarmos para o nosso descanso, antes de mais um dia de correria.
estamos sempre a correr.
e, no entanto, aquilo que mais se ouve é que "a vida é uma caminhada".
não dizem que é uma correria. dizem que é uma caminhada.
desde o momentop em que nascemos, aquilo que vamos fazendo é correr para a ossa morte.
e, no entanto, continuamos a correr.
bem, se calhar, lá porque todos o fazem, não quer dizer que estejamos correctos.
na verdade, somos um grande AVC à espera de acontecer.
e parece que nos esquecemos das coisas importantes.
afinal de contas, somos capazes de viajar durante horas e horas para chegar a um sítio qualquer, ficar lá menos tempo do qe levamos a chegar, e voltamos.
e, no fundo, ninguém parou para apreciar a paisagem no caminho.
isso é que não está certo. afinal de contas, numa caminhada, como a vida, só precisamos realmente de duas coisas: apreciar a paisagem e ter com quem a contemplar.
assim, o melhpor que fazemos é parar um bocadinho, estar no nosso cantinho e caminhar juntos.
aí, devemos parar e cheirar as rosas.
desta forma, a vida não é uma caminhada para a morte, mas sim uma caminhada acompanhada onde paramos e vemos a nossa paisagem.
não se concentrem no destino. concentrem-se na viagem.

domingo, 21 de março de 2010

Boys will be Boys!!!


e quando estão juntos às máquinas que sempre povoaram os seus sonhos, ainda conseguem ser mais míudos que o costume.
correm de um lado para o outro, tiram fotos, fazem tudo para se sentarem lá dentro e sentirem os estofos, sorriem, cantam, chateiam todos os que estão
à volta, mas, na verdade, quem é que pode levar a mal?
afinal de contas, os homens não mudam e, desde o momento em que, com tenra idade, pegaram pela primeira vez num carrinho e começaram nos VRUUUMMMM, VRUMMMMMMM
que tanto chateavam as suas santas mães até ao momento que só dão dores de cabeça às suas santas mulheres, a unica coisa que realmente mudou foi o tamanho dos brinquedos, e possivelmente o crescimento de um pequeno bigode... :)
de resto, não mudamos e continuamos a ser as mesmas crianças de sempre, e gostamos, e, na verdade, é isso que nos mantem vivos e com disposição para brincar, conosco e com os outros.
é que, o homem, desde o momento em que nasce, até ao momento em  que deixa de gozar a sua reforma, será sempre um menino!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

dormir...

Dormir nos braços de alguém é algo que não se explica.


É algo que, ou o fazemos e sabemos do que estamos a falar, ou, então, não o fazemos e apenas imaginamos o que poderá ser.

Se imaginarmos, infelizmente, não teremos nem uma mínima ideia do bom que é.

O acto de dormir nos braços de alguém não é algo que se faça por fazer.

Há toda uma mística neste acto. Na verdade, há uma entrega que, se calhar, a maior parte das pessoas não se apercebe.

O acto de dormir nos braços de alguém é algo que exige mais do que uma cama e um par de braços. Sem duvida que muitos dos leitores assim o fazem e continuam a viver felizes. É normal.

Agora, já repararam que, enquanto vocês dormem nos braços de outra pessoa, ou outra pessoa dorme nos vossos braços, mais do que o simples acto de estar quentes, aquilo que realmente existe é um acto de entrega?

Dormir nos braços de alguém é o acto de mais confiança que se pode fazer.

Reparam aqueles que não concordam, e leiam aqueles que sabem do que eu falo.

Deitar com uma pessoa é um acto relativa mente banal.

Tudo depende do desejo e da existência de uma cama.

Contudo, adormecer com alguém, e principalmente, adormecer nos seus braços, num quente e reconfortante abraço, é um acto total de entrega.

Quando adormecemos, baixamos as nossas defesas, deixamos de estar alerta e, simplesmente, confiamos que, durante o nosso sono, a pessoa que está a agarrar-nos, mais do que não nos fazer mal, nos vai proteger.

Podemos até não proteger. É um facto da vida. Afinal de contas, nem tudo depende dos nossos fortes braços, mas continua a ser esse o nosso trabalho – o de proteger quem em nós confia e quem nos ama – e sempre o será.

E a pessoa que nos abraça e se enrosca em nós sabe disso, e confia em nós. Por isso, mais do que confiar em nós, confia-se a nós.

Dormir nos braços de alguém é, por isso, mais do que dormir. É carinho, é entrega, é confiança.

No fundo, é amor!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

o que é o amor?

apetece-me sorrir.
sei que tenho razões para o fazer mas, as dores físicas que me atacam bem que bastam para que eu perca a boa disposição.
mas, na verdade, são essas dores que me fazem sorrir.
a maior parte das pessoas acaba por associar a felicidade a estar bem, a sentirem-se bem, a estarem felizes com outra pessoas.
não discordo.
na verdade, estão bastante certos.
afinal de contas, não há nada melhor que amar e ser correspondidos, assim como ter alguém ao nosso lado que partilhe e seja fruto da nossa felicidade.
sim, isso é bom, e sim, quem me dera poder estar nesse estado absoluto de felicidade a todas as horas do meu dia, todos os dias da minha vida.
contudo, amar não é apenas ter aquela pessoa ao nosso lado e sorrir.
nós só realmente conhecemos o amor, e não falo da paixão do desejo ou da luxúria, quando nos expomos, quando nos abrimos, quando o momento não é assim tão feliz.
não sei se me estou a fazer compreender, mas eu vou tentar.
o amor não é apenas a felicidade trazida por uma companhia que está ao nosso lado num largo de felicidade. talvez seja aí que realmente podemos mostrar a nossa felicidade aos outros.
sim, de facto, nessas situações, todos os olhares poisam em nós, todas as atenções se focam no nosso sorriso, e todos os observadores mudam a objectiva para a nossa dança.
sim, aí, todos comtemplam a nossa felicidade, o nosso amor.
mas, isso, por muito bom que seja, não chega para nós podermos dizer com toda a certeza que somos felizes, que somos amados.
afinal de contas, os sorrisos em tempo de paz são fáceis.
o amor chega mais tarde, quando as luzes se apagam e quando somos mergulhados na escuridão.
aí sim, saberemos se somos amados ou não.
afinal de contas, "when the going get's tough, toughs get going..." lá dizia a canção, e bem!
só nos nossos momentos mais sombrios é que podemos realmente ver se somos amados.
não é preciso muito, mas reparem nas vezes em que somos deitados aos leões.
quantos dos nossos amores é que ficam?
amar não é apenas a companhia que está a nosso aldo na festa.
é sobretudo o empurrão que nós precisamos para sair do buraco.
amar não é apenas um beijo e um abraço a ver o pôr-do-sol.
é sobretudo o abraço e o carinho quando tudo o resto parece perdido.
amor não é o sexo apaixonado no ínicio do dia.
é sobretudo o levantar a meio da noite para cuidar das nossas feridas.
o amor é bonito e é capaz de ser a melhor coisa do mundo.
concordo.
mas, o amor é mais do que aquilo que estamos habituados a receber e a dar.
é esse esforço extra por outra pessoa que é o amor.
é esse acto cujo único interesse que contém é o desejo do nosso bem-estar.
isso é o amor.
eu sou amado.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

expressões

é apenas uma palavra.
na verdade, uma expressão: "eu amo-te!"
na verdade, tendo em conta que a maioria dos sujeitos faz questão de retirar o sujeito "eu" e dizer apenas "amo-te", nem tenho a certzeza que se possa considerar uma frase completa...
mas isso não interessa. de facto, muito poucas coisas interessam na vida. é assim, e não há grande volta a dar.
contudo, não posso deixar de reparar na força que esta expressão encerra em si e nos acontecimentos que por alguém a dizer se desencadeiam.
Tróia foi abaixo porque Helena o disse a um sujeito que não o seu marido;
Samsão perdeu a sua força por o ter dito;
Os heróis no cinema recuperam todas as suas capacidades quando as suas donzelas expressam este sentimento.
no fundo, no fundo, são apenas palavras.
mas é impossível passar ao lado da força com que desencadeiam revoluções, ataques, tempestades.
por isso, eu sempre tive muito cuidado em dizer estas palavras.
de certa forma, acabei por ter medo delas, de as usar na pessoa errada, de estar a dizer algo que não tinha a certeza que sentia, ou da revolução que poderia iniciar se a outra pessoa não o sentisse.
talvez fosse um medo tolo. talvez estivesse certo.
agora, a verdade é que, apenas após dizer aquilo que eu tanto temia que um dia saísse da minha boca, é que que me apercebi da real magia e força daquilo que disse.
e, caros leitores, é uma força maravilhosa.
eu sei que quem vos fala é, neste momento, um homem apaixonado, um homem que deseja uma só mulher, a sua mulher, e um homem que aprecia os prazeres da fidelidade, da entrega, da partilha.
no fundo, aos olhos dos meus queridos leitores, encontra-se o homem que vocês podem classificar de "lamechas".
é provável. eu assumo essa lamechice, assumo essa paixão, e assumo esse amor que sinto.
normalmente, a depressão, o mundo negro, a derrota e a dor "vendem mais".
eu sei disso, mas não é disso que me apetece escrever. isto porque não é assim que me sinto.
e, apesar de possivelmente me encontrar a estragar a minha capacidade criativa com a minha incapacidade de transmitir um qualquer "locus horrendus", a verdade é que pode morrer o autor, mas salva-se o homem.
e esse, o homem, está feliz.
quer dizer, não está feliz. está possuído por algo que demorou a chegar, mas que o torna num ser eléctrico, num ser capaz, num ser cheio de energia.
tudo graças a essa pequena expressão: "amo-te".
de um dia para o outro, bem sabemos que não pois a felicidade não é o extase momentâneo, mas algo que se vai construindo com todas as forças, todos os dias, mas, de um dia para o outro, o homem sente-se capaz de lutar contra um exército e voltar para o seu ninho.
sente-se capaz de se atirar de um penhasco e, em vez de se esborrachar contra o penedo mais próximo, voar em direcção ao sol sem medo ou perigo de derreter as suas asas.
o amor tem destas coisas: faz-nos sentir bem.
é mesmo pior que a droga. afinal de contas, deixa-nos numa "trip" a todo o tempo e a toda a hora.
tal como os drogados, também os apaixonados são notados por todos, mas isso não incomoda.
afinal de contas, há maior felicidade do que ser feliz?
o amor tem destas coisa: torna-nos os "super-homens de nós próprios" e dá-nos a força e a energia de ir mais além.
eu sou um homem que experencia a felicidade, e já não consegue viver de outra forma.
eu sou alguém que disse "amo-te"!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sentido da vida!!!


Nunca me considerei uma boa pessoa.
Não sei porquê, ou talvez saiba, mas não vos vou dizer.
O certo é que as coisas boas teimam em aparecer de longe a longe.
É a vida!
Mas, na verdade, tem-me acontecido coisas boas.
Às vezes, nem eu consigo perceber a razão pela qual estão a acontecer, mas, o facto é que, neste momento, me sinto uma pessoa abençoada.
Não sei se são os céus a mostrar-me um gostinho do paraíso, não sei se é uma ilusão, ainda não tenho a concreta certeza que é uma realidade aquilo que me está a acontecer.
Na verdade, também não interessa.
Interessa-me apenas que, se for uma ilusão, peço-vos que não me abram os olhos.
Interessa-me que, se isto for um sonho, por favor, não me acordem.
Contudo, se esta for a realidade que me espera, então peço-vos que não me deixem dormir pois não quero perder nem um único momento do resto desta minha vida!
A verdade é que, apesar dos problemas, e quero que me apresentem a primeira pessoa que brada ao mundo que não tem problemas pois, logo de seguida, apresentar-vos-ei o maior mentiroso à face da terra, eu sinto que sou feliz.
Coisa estranha essa felicidade que decorre de coisas estranhas como o carinho, o afecto, o gostar de alguém...
É, de facto, muito estranho isso.
Mas, ao fim e ao cabo, não é para isso que nós estamos aqui?
Não é para sentir esse afecto, esse carinho, esse cocktail de sentimentos que nos extasiam e nos fazem andar pela rua a fazer figura de parvos porque somos os únicos que sorriem face a um dia de chuva que nós andamos cá?
não é por esses sentimentos que lutamos diariamente?
Eu quero acreditar que é. Afinal de contas, se não for, o que andamos nós aqui a fazer?
Não digo novidade nenhuma que não tivesse sido já escrita por outro alguém, mas, às vezes, é importante relembrar que "all you need is love", assim como é importante relembrar que sem isso, então não passamos de um bando de contabilistas (sem ofensa, claro!) que a única coisa que fazem na vida é calcular, calcular, calcular, mas que, devido às probabilidades, não seguem em frente pois o risco é demasiado elevado.
A vida está a ser boa para mim, e eu entendo que vale a pena arriscar por isso, por essa felicidade que me bate à janela.
Afinal de contas, é essa felicidade que dá força ao meu dia, é essa felicidade que me acalma os ânimos, é essa felicidade que aconchega no seu regaço e me deixa descansar a armadura que uso para o mundo.
Hoje, estou cansado, estou doente, estou cegueta, estou a ter dificuldades de raciocínio, estou a pensar no futuro e estou a preocupar-me.
Não é nada de especial. Afinal de contas, hoje pode ser ontem, como pode ser amanhã. Sou sempre assim.
Mas, hoje, sinto-me feliz, tal como me sentia ontem, tal como espero que me venha a sentir amanhã. 
Porque é que estou feliz?
É a mais fácil das perguntas e à qual se dá a mais fácil das respostas: sou feliz porque a minha vida já não é preocupar-me só comigo.
A minha vida passou a ser preocupar-me comigo, preocupar-me contigo, preocupar-me connosco.
E preocupo-me todo o dia com isso. Não é mau!
Afinal de contas, se há coisa que toda a gente no mundo sabe fazer é preocupar-se.
Pois, eu tenho uma preocupação em especial, e não é comigo, e encontrando-me a preocupar com outra coisa que não a minha vida, eu sou feliz.
É que, na verdade, o mais importante na vida é mesmo estarmos preocupados, vivermos preocupados e tratarmos das coisas por preocupação.
Pois bem, eu sou feliz porque me preocupo. Preocupo-me em fazer alguém feliz, preocupo-me em dar todo o carinho, afecto, protecção e calor que me for humanamente permitido, preocupo-me com o bem-estar de outra.
E, por outro lado, alguém se preocupa comigo. Alguém se preocupa em ir ter comigo depois de uma situação stressante e dar-me o seu carinho e o seu calor, alguém se preocupa com o meu sorriso e com o facto de algo não estar inteiramente bem comigo, alguém se preocupa se eu jantei bem, se eu descansei, se eu dormi, se eu fui ao médico...
No fundo, a felicidade que todos almejamos é mesmo esta: é ter o constante sentimento de preocupação com outra pessoa e ser correspondidos.
Eu sou feliz porque me preocupo, e preocupo-me porque me fazem feliz!